sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Decisões

Nottingham, 1980.

Ava Carter estava apreensiva. Esperava impaciente alguém lhe dar notícias de Nathan Earschaw. O ministério tinha mandado dois aurores atrás dele depois que ela fez a denúncia e apresentou as provas. Agora deviam estar fazendo uma busca na mansão dele.
-Ava, fique calma. Eles vão achar o Earschaw e a Coraline. – Bill, que estava sentado ao lado dela, disse isso de maneira gentil.
Ava deu um sorriso amarelo pra ele. Queria que Earschaw fosse punido. Queria que ele apodrecesse em Azkaban. Quanto à Coraline... Ela não sabia quais eram seus sentimentos com relação ao bebê. Ela era filha de um comensal. E de sua irmã doidivana, que estava morta.
O corpo havia sido enterrado havia duas horas, no cemitério de Nottingham. Não houvera funeral para que não houvessem perguntas e falatórios. Ava queria discrição, porque aquela era uma situação delicada. Suspirou e lembrou-se da manhã daquele dia...

Três batidas na porta. Uma espera de alguns minutos. Era a quarta vez que Ava ia até o apartamento da irmã, como intuito de ver como ela estava. Nenhuma resposta.
“Ela não pode estar dormindo ainda!” olhou para os dois lados do corredor e constatando que não havia ninguém por perto, tirou a varinha de dentro do casaco e apontou-a para a porta murmurando “Alohomora”.
A porta se abriu e ela entrou na sala de estar modesta da irmã.
-Mandy? – Chamou em voz alta.
Sem resposta, ela seguiu para o quarto da irmã. A cama dela estava vazia.
Ava começou a sentir uma apreensão estranha. Seguiu para o quarto de Coraline e viu a irmã sentada na poltrona, dormindo serenamente.
-Amanda, você me assustou!- Disse em voz alta. A irmã não acordou.
-Mandy? – Ela tornou a chamar. Foi até a irmã e tocou seu rosto. Ela estava muito fria. Sentiu o pulso... Era inexistente. Sua irmã estava morta.
-Céus como isso foi acontecer?! – Ava afastou-se fitando a irmã. Virou-se para o berço e viu que ele estava vazio.
Num instante ela chegou a uma conclusão e foi como se tivessem atirado um balde de água gelada em sua cabeça. Nathan Earschaw estivera ali.


Depois da descoberta, ela havia contatado o Ministério da Magia. Desde então, tivera que providenciar o enterro da irmã e esperar por notícias do assassino e de Coraline.
Colocou a cabeça entre as mãos. Estava cansada, desgastada. Nunca imaginara passar por uma situação daquelas. “Eu era a responsável pela Amanda e falhei... Eu deixei ela tomar decisões erradas, não fui uma boa irmã... Ela podia estar aqui agora, se eu tivesse ficado mais perto dela...”, pensava.
Nesse momento, alguém bateu na porta e Bill se encaminhou até lá para atender. Um auror do Ministério, que Ava conhecia de vista, entrou na sala e adiantou-se até Ava. Ele trazia um embrulhozinho nos braços. A coisinha se mexeu e a mulher soube que era Coraline.
-Encontramos Earschaw e o prendemos. É difícil ele conseguir escapar da prisão perpétua, descobrimos coisas muito comprometedoras na mansão dele. – O auror declarou com sua voz grave, enquanto estendia o bebê para Ava.
-O bebê não sofreu nada. Esta bem, só um pouco agitado. – Completou.
-Estou vendo. – A mulher respondeu.
O homem se despediu e disse que entraria em contato mais tarde, sobre as investigações. Ela assentiu, não olhava para o bebê em seus braços, que ela segurava como se fosse um peso, uma coisinha detestável.
Bill abriu a porta e o auror saiu.
Só então, Ava voltou-se para a criança. Olhou para seus olhos, que eram grandes e azuis. O bebÊ não parecia feliz. Fazia caretas.
Ava fitou-o longamente. Como uma coisinha tão frágil e bonita quanto aquele bebê podia ter o sangue de um maldito comensal?
-Ava, você ta bem? – Bill sentou-se ao lado dela e fitou a criançinha, dando o dedo para ela apertar.
-Sim. – Ela suspirou. – Bill, sei que estamos nos separando e que você vai voltar para Londres no próximo mês, quando vagar o seu apartamento. Você tem feito muitas coisas por mim e eu nem soube agradecer, não é?
-Não ponha a culpa em você. Você sabe que foi a guerra que acabou nos afastando. Eu não poderia pedir à você que largasse seu trabalho para podermos passar algum tempo juntos. Acho que tinha de ser assim.
-É. – Ela sorriu amarelo. – Eu queria fazer um último pedido a você. Registre Coraline comigo.
-Mas... Ela é filha da sua irmã... Ela não a havia registrado?
-Não. Earschaw não podia saber que era o pai dela e ele é influente. Amanda esperaria algum tempo pra registrar o bebê. Se eu registrar a criança no nome dela e de Earschaw e ele ficar impune ou ser libertado, ele pode reclamá-la...
-Pensei que não gostasse da menina.
-Alguém precisa cuidar dela. E eu prefiro que seja eu àquele homem, ou as inspetoras de um orfanato.
-Então vai registrá-la como sua filha e minha?
-Sim. Vou me mudar e ninguém vai suspeitar de nada. – Ela disse. – E se suspeitar, não há como comprovar.
Ele assentiu com a cabeça, surpreso por Ava ser tão calculista. Ela simplesmente, previa tudo, tinha argumentos e soluções para todos os problemas.

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