Compras e conversas

Daniel chegou ao Beco Diagonal acompanhado pela mãe e pela irmãzinha, que saltitava feliz, apontando para as lojas que lhe interessavam.
-Mãe, vou procurar a Cora. – O garoto disse, quando já estavam ali havia algum tempo.
-Oh, claro. – Ela assentiu, sem prestar grande atenção. Estava olhando uma vitrine com atenção.
-Eu quero ir junto! – Lizzie deu saltinhos ao lado do irmão.
-Não... Fica com a mamãe...
-Leve ela com você, Daniel. – A mãe disse. O míope olhou para ela com os olhos semicerrados. Sabia que fazer compras com Lizzie ao lado era um dos maiores desafios da mãe e já que ela podia deixar sua caçula pululante com o filho mais velho, porque não aproveitar a chance.
-Ta bom. – Ele revirou os olhos. Sempre acabava sobrando pra ele. – Vem Lizzie. – E estendeu a mão para ela.
Chegava a ser uma cena engraçada ver o rapaz de quase dois metros ao lado da menininha que tinha menos da metade do seu tamanho.
Os dois caminharam um pouco pela rua apinhada de gente até que uma garota de cabelos castanhos, usando uma blusinha violeta e uma tiara da mesma cor se aproximou dos irmãos Thompsom.
-Olá! – Ela cumprimentou-os, sorridente. Na verdade, estava feliz por ver que Dan estava sem Laney a tiracolo, assim poderia conversar com ele.
-Oi. – Lizzie respondeu alegre, enquanto Dan apenas dava um sorriso largo para a amiga.
-Foi um bocado ruim esse atraso nas listas de livros, não acha? – Ela perguntou.
-Se foi. – Ele comentou, notando que a amiga carregava uma enorme quantidade de sacolas cheias. -Ajuda? – Ofereceu.
-Já que insiste. – Ela deu uma metade para ele.
-Então foi por isso que me chamou, é? Pra carregar suas compras?
-É, claro. James. – Ela disse, com pose de madame, fazendo Lizzie rir. – Vamos até a loja de animais? Preciso comprar comida para o Stitch.
-Ah, certo. Como ele está?
-Bem. Ta tão gordinho. Você vai ver quando voltarmos pra escola. Ele parece uma imensa bolinha de pelos vesga.
-Ainda bem que gostou dele. – O míope sorriu, olhando para o chão.
Os dois entraram na loja de animais mágicos e deixaram as sacolas num canto indicado pela atendente, enquanto procuravam a comida de Stich.
Lizzie foi alegremente até uma gaiola com sapinhos verde brilhantes.
Cora aproveitou a distração da menina e virou-se para Dan.
-Dan, lembra quando eu te contei a história de ser adotada? – Ela perguntou.
-Sim... A Ava na verdade é sua tia, mas ninguém pode saber disso.
-É... Hum... Bem... Eu vi uma lembrança da minha tia em que ela e a minha mãe biológica estavam brigando.
-Irmãos brigam, é natural. – O rapaz deu de ombros.
-Mas parecia que estavam brigando por causa do meu... meu pai.
-E por que está se importando com isso?
-Eu... Eu quero encontrá-lo. Quero saber quem ele é e porque ele não me quis. – Admitiu e soltou um suspiro.
-Ah, acho que é natural. Ele é parte de você. Já falou com Ava sobre isso?
-Já, na época em que ela me contou a verdade. Mas ela não quer me dizer nem o nome dele. Só disse que ele não me quis, que foi embora quando soube que minha mãe estava grávida. Mas vou tentar descobrir. Ainda não sei como, mas vou.
-Se precisar de ajuda. – Ele sorriu.
-Obrigada, Danny boy.
Ela o abraçou, pegando o garoto desprevenido.
-A propósito, fiquei sabendo que a Anna foi estudar em Beauxbottons... Como vai ficar a banda?
-Nem me diga. O Paul soube disso e desistiu também. – O garoto soltou um suspiro.
-Sem banda por enquanto... – Ela riu.
-É...
-Bem, eu vou continuar cantando e tentando aprender guitarra. Mas duvido que saia boa coisa daquilo.
-Você consegue, só precisa praticar mais. – Ele a encorajou, enquanto ela seguia para o balcão, onde pagou pelas compras.
Pouco tempo depois, os dois adolescentes já deixavam a loja,com o saco de comida para gato e Lizzie e foram rumo a sorveteria de Florean Fortescue, onde passaram o tempo até a senhora Thompsom terminar suas compras.