segunda-feira, 29 de junho de 2009

No Texas...

O sol batia na face pálida de um adolescente de 15 anos, que dedilhava calmamente um violão, sentado na varanda. Estava pensativo, sem tocar nenhuma música específica, misturando notas numa melodia indefinida.
-Daniel! – Uma voz estridente berrou o nome dele alegremente.
O garoto levantou a cabeça e ficou olhando a irmã mais nova, uma menininha de cabelos castanho claros, se aproximar.
-O que você quer? – Perguntou. Sabia que sua paz havia acabado.
-Você vai comigo ver os pufosos? – Ela parou e olhou para ele com cara de lindinha.
-Vai lá sozinha...
-Eu tenho medo dos hipogrifos...
-Lizzie, você já viu esses bichos um milhão de vezes...
-Mas eu quero ver de novo... – Ela fez beiçinho de manha e como o irmão a ignorou, ela começou a chorar e entrou na casa. –Mamãe, o Dan não quer brincar comigo! – Ela berrou.
-Daniel, o que você fez? – Mary Ann Thompsom irrompeu na varanda.
-Só não aceitei ir com ela ver aqueles pufosos chatos...- Ele respondeu aborrecido.
-Dani, você sabe que ela não pode ir ao celeiro sozinha.
-Mas ela passou as férias inteiras brincando com aquelas coisas!
-Ela é uma criança.
-Grande coisa...
-Daniel Edward Thompsom, não fale comigo nesse tom! E vá logo com a sua irmã ou vai ficar de castigo. – Quando a mãe chegava a esse ponto, ele sabia que não tinha remédio.
-Vem, piralha! – Ele revirou os olhos.
Lizzie parou de chorar imediatamente e agarrou a mão do irmão.
Seguiram até o estábulo, onde havia nascido uma ninhada de pufosos. Elisabeth correu até os bichinhos logo, soltando exclamações de alegria.
Dan seguiu até a última das baias do estábulo, onde ficava seu cavalo, Amaranth. Enquanto o escovava, remoia sua infelicidade com aquelas férias. Se pudesse, estaria em Manchester.
Quando seus pais anunciaram as férias em Silver City, na casa do irmão da mãe de Daniel, que era também sócio do Sr. Thompsom, o adolescente esperava que sua irmã mais nova encontrasse passatempos no quintal e o deixasse em paz, mas pelo contrário, ali ela era ainda mais grudada nele.
-E aí, Dan, no que tanto pensa? – Uma voz masculina e jovial interrompeu suas divagações. Era seu primo, Mark.
-Na vida... – O míope respondeu com um suspiro.
-Saudade da namorada, é? – Mark deu uma piscadela. Era um rapaz alto e corado pelo sol.
-Hum... É, também. – Dan recordou-se de Laney Hudson, a garota de cabelos meio ruivos meio loiros com quem ele fora ao Baile de Inverno no ano anterior e que começara a namorar. Não a amava e sequer estava muito interessado nela, mas Laney era uma garota legal ao seu modo e razoavelmente bonita. Além disso, ela era apaixonada por ele desde o primeiro ano.
-Ela é gostosa?
-O que?
-Sua namorada... Ela é bonita?
-Sim...
-Você não parece muito empolgado com ela.
-Só estou namorando ela há cinco meses...
-Já é bastante tempo pra você estar tão abatidinho... Não rolou nada, neh? – O mais velho colocou um quê malicioso na última frase.
- Ah, não enche Mark. – Dan riu, sacudindo a cabeça. Não gostava de expor sua vida pessoal, ainda mais para pessoa com quem não tinha muito contato, como era o caso do primo.
-Não to a fim de falar nisso. – Completou.
-Ok... – Mark deu de ombros.
Os dois ficaram quietos, Dan escovando o cavalo e Mark arrumando preparando a comida dos animais.
De repente, uma coruja dourada entrou no estábulo, voando graciosamente, e pousou sobre um banquinho próxima de Dan. Piou feliz e estendeu a pata para o garoto, que tomou dela um pergaminho e abriu, lendo a mensagem escrita numa letra que ele conhecia muito bem.

“Olá, garoto de óculos. Tudo bem? Espero que sua temporada na terra do bang bang esteja interessante... Minhas férias estão uma chatice... Quando você voltar, mande uma coruja ou passe aqui em Londres pra conversar um pouco.
Cora”


-E aí, é da excelentíssima? – Mark perguntou.
-Não, amiga.
Ele se virou e foi até Lizzie, com a intenção de convencê-la a voltar para casa, enquanto colocava o pergaminho no bolso, com carinho.

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