sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Culpa

Uma ruiva trajava uma camisa masculina social, ficara um tanto grande, mas ela não parecia se importar, essa mulher era Cecille, ela viu seu noivo dormindo na cama de casal, parecia-lhe feliz... "Bem pelo menos um de nós está satisfeito com esse relacionamento." A garota saiu do quarto e desceu as escadas indo em direção a cozinha, pegando um copo de água e escorando-se sobre a bancada. Vivia uma vida dupla, de manhã a boa moça noiva do melhor partido da cidade e a noite amante de um homem, homem no qual não era seu noivo, com exessão de noites como aquela, em que ela passava o dia com James, mais por conveniência do que pelo prazer de sua compania.
O que ela realmente queria era estar nos braços de Aurélio, e não era somente pela atração física como nos seus outros vários relacionamentos que teve anteriormente. Aquele homem era diferente, não a via apenas como "um pedaço de carne" ele queria ouvir sobre sua opinião e não a ignorava quando Cecille lhe relatava seus medos, esperanças e desilusões. Mesmo quando os dois passavam o dia apenas conversando, valia muito mais do que os bailes de alta sociedade que James a levava.
Mas ela sabia que Aurélio jamais poderia ser seu marido, sabia que no final do ano se casaría com James e se mudariam para o campo, sabia que teria que honrar o nome da família e o sangue que tinha em suas veias, mas não queria terminar com Aurélio, ele era o seu escape, sua válvula de escapamento onde todas as suas frustações eram liberadas. Ainda lembrava-se perfeitamente da primeira vez que acordara com o loiro ao seu lado.
***
A ruiva abriu seus olhos verdes de tom incomum e se deparou com um belo par de olhos cor de mel, a moça sorriu e o loiro com um jeito um tanto envergonhado disse:
-Bom dia.
-Bom dia...
-Dormiu bem?
-Como um anjo.
O loiro sorriu timidamente enquanto acariciava o rosto dela, Cecille suspirou e deixou que o carinho fosse feito livremente, normalmente esse carinho não existiria, pois provavelmente ela estaria em casa tomando um banho e fingindo que nada daquilo acontecera, mas era diferente daquela vez, pois quando acordou pela madrugada e viu Aurélio dormindo tranquilamente, ela simplesmente não quis sair de perto do britânico.
-Você...se arrependeu?-Perguntou o inglês tirando Cecille de suas divagações.
-Não...Você?
-Bem, eu sempre levei uma vida regrada, escolhendo sempre o caminho o qual considerava o certo e apesar de saber que o que fizemos foi completamente errado e imprudente, é o primeiro erro do qual não me arrependo.
A ruiva sorriu amplamente, aquelas palavras lhe pareciam uma bela canção, daquelas que se ouve repetidas vezes e jamais se cansa.
***
E era para aqueles momentos em que revivia sua bela canção que a jovem vivia aquela vida dupla, ignorando o fato de estar enganando a James, sua mãe, a memória de seu falecido pai e toda a uma sociedade bruxa, era para se sentir livre que Cecille aceitava o preço de se sentir suja, mas não suja por trair James e sim por Aurélio que lhe dizia que a prefiria por breves momentos do que não vê-la nunca mais, e era assim que a jovem se sentia também, e foi assim que uma breve despedida de solteira tornou-se uma paixão e de paixão estava se transformando em amor.

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