segunda-feira, 22 de junho de 2009

Dia no Orfanato

O verão chegara ao Orfanato Sonho Feliz. Em um pequeno quarto escuro, o Sol fraco adentrava pela janela fazendo com que a escuridão diminuísse. Aos poucos, a luz batia na cama até que, atingiu o rosto de Nádia, fazendo com que a garota fizesse uma careta e virasse o rosto para o lado oposto a claridade. Mas era tarde demais; ela já despertara.
A garota levantou da cama cambaleante, saiu de seu quarto, atravessou o corredor vazio e escuro e seguiu até o banheiro. Lá, Nádia acendeu a luz, olhou - se no espelho, escovou seus dentes, lavou seu rosto e voltou para o quarto. Seu quarto já estava todo iluminado.
Em poucos minutos, a cama fora arrumada, o pijama trocado por um uniforme maltrapilho e a garota já estava descendo as escadas para o refeitório ainda vazio. Adentrou pela cozinha, onde estava sua velha amiga Anita:
- Buenos Días cariño.
- Buenos días Anita. - Nádia disse com um bocejo.
- E então, quer me ajudar no café? - Ela perguntou pegando uma xícara, enchendo - a de café e dando para garota.
- Sim. Mas, antes, passou alguma coruja por aqui? - Perguntou a garota dando um gole.
- Passou sim. Você deve ter cuidado com essas corujas, se a diretora ver alguma coruja ou um rastro dela, você sabe que ela te mata!
- Eu sei. Geralmente elas vêm à noite. Por isso que eu perguntei, cheguei muito cansada ontem, por isso não peguei nada. Ela já foi embora?
- Sí. Aqui está suas correspondências. - Entregou para a garota um pilhado de cartas.
- Obrigado. Vou ler mais tarde. - A garota pegou as cartas e colocou em cima de mesa. - Então, você quer ajuda com o quê?
- Pode começar colocando os pratos em cima da mesa do refeitório. - Pediu gentilmente Anita.
- Tudo bem.
A garota pegou uma pilha de pratos, levou - os para o refeitório e colocou - os organizados na mesa. Logo em seguida, pegou os talheres e colocou - os ao lado dos pratos. Minutos depois ela ouviu uma série de passos e risadas descendo das escadas. Rapidamente, ela tomou seu lugar à mesa e esperou a inspeção matinal. Garotos e garotas desciam as escadas para o refeitório correndo e gritando, mas foram impedidos por uma velha robusta de aparência mal-humorada que gritou:
- SILÊNCIO.
Obedecendo as ordens da mulher todos desceram em silêncio, tomaram seus lugares mas, logo levantaram para a inspeção.
- Bom Dia. - Disse a mulher passando pelas crianças.
- Bom dia Dona Sandra. - Todos responderam em coro.
A mulher seguia pelas crianças examinando as roupas, os cabelos e os pratos. Passou por Nádia, olhando firmemente para a garota e voltou a entrada do refeitório. Em seguida, ela gritou:
- Anita, traga o café!
Anita entrou no refeitório pelas escadas. Por mesmo que não aparentasse, Anita não era uma mulher muito velha, mas tinha a aparência cansada de tantos esforços que passara. Ela carregava um caldeirão pesado, que fazia Nádia lembrar das suas aulas de poções, com uma pequena gororoba dentro. Ela colocou uma concha para cada criança, que remexiam, faziam cara de nojo, mas, por fim, acabavam comendo. Nádia comia, mas tentava lembrar o gosto dos deliciosos cafés da manhã de Hogwarts como fazia todo verão que voltava ao orfanato.
A refeição foi rápida e silenciosa. Ao terminar, cada criança empilhava seu prato e seu talher no canto da mesa para Anita poder recolher. Todos seguiram para os seus quartos, inclusive Nádia, que escondia suas cartas embaixo da blusa. A garota subiu correndo, entrou em seu quarto, fechou a porta, jogou - se na cama e pegara a primeira carta que estava na pilha. A carta não era necessariamente uma carta, era o Profeta Diário, que trazia as notícias do mundo da magia. Nádia guardou o jornal embaixo da cama para poder ler mais tarde, e pegou a carta seguinte, que era uma carta de Johnny. A garota abriu a carta rapidamente e leu:
'Querida Nádia,
Parece que fazem séculos que não te vejo, embora a tenha vito ontem no trem. Estou com saudades. Como estão as férias? Aqui em casa está tudo bem, meus primos estão de férias em Durmstrag e estão me visitando, eles fizeram uma surpresa.
Saudades e beijos,
Johnny'

A garota abraçou a carta e guardou - a junto com o Jornal para poder responder mais tarde. Antes que pudesse pegar mais alguma coisa, ouviu passos e guardou imediatamente as cartas junto com as outras, levantou - se da cama e foi em direção a porta, para saber o que estava acontecendo.
- REEDLE! - Gritava Sandra de sua sala.
- Estou descendo. - Respondeu Nádia e desceu as escadas, indo em direção ao escritório da Diretora.
O escritório era escuro e úmido, de paredes cinzas e uma janela atrás da mesa principal. Em estado de nervos, a menina entrou no escritório dando poucos passos e parando à frente da mesa esperando a bronca que lhe viria em seguida:
- Por que eu tenho corujas de madrugada no meu orfanato?
- Elas só podem vir de madrugada. Elas não vão incomodar a senhora. - Desculpou-se Nádia.
- E por que tem um monte de vestígios delas na minha janela? - A mulher mostrou a janela para a menina.
- Pode deixar que eu limpo "os vestígios" delas. - Assegurou Nádia rispidamente.
- E você acha que vai fazer o quê? Se eu achar mais algum vestígio de que essas porcarias estiveram aqui eu vou atirar em uma delas. Estamos entendidas? - Ameaçou Sandra.
- Sim senhora. - Respondeu Nádia e virou-se em direção à porta.
- Aonde pensa que vai? Não terminei com você! - Disse a mulher, impedindo que Nádia saísse da sala.
- O que mais a senhora quer? - Nádia perguntou impaciente.
- Vou avisar-lhe uma coisa: se eu souber que coisas estranhas têm acontecido, você vai desejar nunca ter nascido! – Ameaçou novamente a mulher.
- Sim senhora.
- Mais uma coisa: vá limpar os banheiros! - Ordenou Sandra.
- Mas por quê? - Perguntou a garota.
- Porque eu quero que você limpe. Além do mais, não gostei do jeito que falou comigo. E não lhe devo explicações, me obedeça e vá fazer o que lhe mandei. - Ela apontou o dedo para os andares de cima.
- Tudo bem senhora. - Nádia respondeu e saiu da sala.
Subindo as escadas, Nádia percebeu as risadas vindo do quarto ao lado do seu, onde estavam as garotas com que Nádia nunca se dera muito bem. Uma delas gritou:
- Vá pegar o esfregão anormal!
Controlando a raiva, Nádia entrou no quarto e avisou:
- Se disser isso de novo, você ganha um nariz de porco e lhe causo pesadelos que você nem imagina.
- Duvido. E, só por causa disso, vamos falar com a Dona Sandra. - Uma das garotas retrucou.
- Não quero saber. E não duvide! - Ameaçou Nádia e foi para o banheiro com os esfregões. Ia ser um longo verão...

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