Entre quatro paredes

Ava Carter estava sentada no sofá da sala. Lia distraidamente uma revista de atualidades bruxas. Não era particularmente muito interessada nos assuntos, mas queria se distrair um pouco depois das 12 horas que passara trabalhando. O Ministério estava uma bagunça agora que Lord Voldemort se tornava cada vez mais poderoso. E muitos começavam a achar que era impossível vencê-lo.
Ela suspirou, largando a leitura e fitou a parede do apartamento, espreguiçando os braços e as pernas. Bill devia chegar do trabalho em 1 ou 2 horas, mas ela não o esperava tão cedo: os horários no Saint Mungus também estavam sendo estendidos e Bill era um medibruxo muito competente.
A campainha foi tocada. Ava achou estranho. Não estava esperando visitas. Por outro lado, morava em um prédio de trouxas e achava difícil algum bruxo aparecer por lá, ainda mais tocando a campainha.
Ava atendeu a porta e deu de cara com a irmã.
-Mandy? - Ela questionou. - Você não tinha dito que eu não sabia de nada e que nunca mais queria me ver na sua frente?
-Eu... Estava errada. - Amanda disse, triste. Olhou para a irmã e pulou em seu pescoço, num abraço apertado. - Sinto muito. Devia ter levado em conta o que você disse.
Ava soltou um suspiro longo.
-Entre.
As duas se encaminharam até a sala.
Amanda sentou-se em frente à irmã e se debulhou em lágrimas.
"Ela pensa que assim vou esquecer o que ela me disse? Espertinha..."
-Então, diga, o que fez você me procurar?
-Você estava certa. Eu e Nat... Nós não... Nós brigamos. - Ela mentiu.
-Imaginei que isso fosse acontecer. - Ava suspirou, mas disse aquilo em tom ríspido.
-Eu posso ficar aqui por uns tempos?
-O QUE? Você briga com ele e vem pedir asilo pra mim, é?
Amanda ergueu a cabeça, fitando a irmã nos olhos.
-Eu... Eu sei que nunca nos demos muito bem, Ava, mas preciso da sua ajuda. - Havia um tom de suplica na sua voz.
-Não posso incentivar as suas besteiras, Mandy. - Ava vociferou.
-Ava, é só até eu conseguir um lugar pra ficar. Pelo amor de Merlin, não posso ficar na rua. - Mandy parecia uma criança, prestes a chorar.
-Mandy, você não deve levar a sério essas brigas de casal. - Ela falou de forma sarcástica.. - Logo farão as pazes. Você não tem nada a temer... Afinal, ele ama você.
-Ava... Eu... - a morena desviou o olhar.
Nesse momento a porta se abriu e Bill entrou.
-Oh... Olá, Amanda. - Disse ele, aparentemente surpreso.
-Oi.
-Vou... Vou lá pra dentro. - Ele completou.
As duas mulheres observaram ele se afastar. Amanda ergueu-se da cadeira e seguiu até a irmã.
-Ava, eu estou grávida. E acabo de descobrir que estou esperando o filho de um comensal. - Ela sussurrou perto da irmã. - Por favor, me ajuda.
Ava franziu o cenho e fitou a irmã por um longo tempo.
-Está bem. Vou ajudá-la.
-Obrigada, Ava. Obrigada. Não sabe o quanto isso é importante pra mim...
Amanda abraçou a irmã com força.
-Nathan sabe... Sobre o bebê? - Ava perguntou.
-Não. Não contei.
-Você vai terminar o namoro com ele?
-Vou. Vou dizer que notei que somos muito diferentes. Acho que ele vai achar sensato.
-Talvez... Mas se vai fazer isso, por que acha necessário vir morar aqui?
-Eu tenho medo de que se continuar no Beco ele acabe descobrindo o bebê. Todo esse tempo eu não sabia com quem estava dividindo minha vida...
-Esse bebê... Ele tem o sangue dele nas veias. Tem certeza de que...?
-Nem ouse sugerir uma coisa dessas! Vou ter meu bebê. Ele é tudo o que me restou agora. - Amanda olhou para a barriga. - Eu vou cuidar bem dele, ou dela, e ele vai ser uma boa pessoa.
Ava revirou os olhos. Outra vez o otimismo cego de Amanda. "Uma fruta nunca caí longe da árvore".
-Tudo bem, faça como quiser. Temos um quarto de hóspedes. Você pode ficar aqui.
Amanda assentiu com a cabeça.
-Obrigada. Nunca vou me esquecer disso. - Ela segurou as mãos da irmã com um sorriso no rosto. -Tenho de ir agora.
Ava assentiu e as duas se despediram.
Bill apareceu na sala.
-Preciso te dizer uma coisa. - Ava disse a ele, suspirando.